domingo, 24 de outubro de 2010

Saudade de qualquer coisa no Brasil.

"Ontem faltou água,
Anteontem faltou luz..."

E tem sido assim desde que cheguei.

Altas temperaturas, algumas nunca dantes conhecidas pelo meu corpitcho afofado.
Tem idéia do que representa 45ºC na muleira de uma mineira acostumada a ares montanhenses?
Adicione falta de água, ar condicionado do carro inoperante, poeira sertaneja, fila na ponte, 22 km de estrada de terra, 42 quebra molas e duas portarias...

Ãhnnn? Pra que lado mesmo fica o aeroporto?

Que nada!
Pode piorar...

Basta você passar um dia a 45ºC, sem uma gota de água nas torneiras de casa e suplicar que um caminhão pipa venha abastecer o reservatório emergencialmente.

Ele vai chegar às 23h e derramar sobre a caixa dágua o caldo - não me pergunte de onde - mais cor caramelo e mal cheiroso que possa imaginar! É o que temos para banho, lavar vasilhas e afins até que uma santa alma moçambicana venha descobrir o que há com a interrupção do serviço. Aí, você, que a esta altura ajoelha e agradece porque nesse calor relatado, qualquer coisa líquida pra cair no corpo é melhor do que o seu próprio suor, esquece que alguma torneira poderia estar aberta lá dentro e surpreende-se a perceber que o seu quarto só pode ser acessado de canoa e o banheiro está fazendo glub, glub há tempos... 2 da manhã e todas as toalhas da casa empregadas na empreitada de secar a bendita água e se preparar pra deixá-la escorrer sobre você.

Aliás, orixás e boas almas deste mundo, favor dissiparem a nuvenzinha turva que anda em cima da nossa casa - porque noutro dia, quando fomos premiadas com a desernergia, no quarteirão inteiro, a nossa também fora a premiada - única sem luz! Hehe...

Sorte de hoje?

Isso também passará!

Tente se acalmar, o nervosismo altera o metabolismo e aumenta ainda mais a temperatura do seu corpo, isso não ajuda!!!!!

Hoje é Domingo! Anote: Costuma faltar luz! ;)

Por isto comecei este post com a letra mais apropriada que venho lembrando nos últimos dias, profetizada por Legião Urbana num dos seus discos, fragmento de "Eu era um lobisomen juvenil", que deixo a seguir para ouvirem um pouco do que Tete representa hoje e como me sinto agora.

De verdade, "se o mundo´é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito".

O que me consola e ainda ajuda a rir de tudo isto é a cena que presenciei a pouco. 3 crianças miseráveis na rua de um mercadinho, ajudando a mãe pedinte a pedir também. Quando parei o carro as observei de longe. Neste mesmo calor, brincavam e brincavam e brincavam sorridentes como brincam as nossas crianças na praia. Ao me verem, claro, buscaram meu ponto nevrálgico e vieram correndo, ameaçando até mancar, soltando um piedoso clamor: - Foooooooooome! Ajuuuuuuuuuudaaaaaa!!! hehehehe! Eu ri e dei-lhe miseráveis moedinhas, mais duas ou três balas que derretiam na bolsa e foi o suficiente para que agradecidas e novamente sorridentes voltassem a brincar e pular e saltar como se absolutamente nada estivesse fora do lugar.

E derrepente mesmo nem está!
..."Se o mundo´é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito".