quinta-feira, 22 de abril de 2010

Segunda-feira de rainha...

Segunda-feira daquelas…

Como contei noutro post, acordei sem dormir por ter passado uma noite daquelas curtindo o meu segundo desarranjo grave…

Tinha muito trabalho a fazer e não podia deixar de ir para o projeto, mas também não estava valendo muita coisa. Tomei um banhão, arrastei sobre as minhas pernas e fui, rezando pra nada acontecer… Graças a Deus cheguei bem e fui direto ao batente… As ocupações eram tantas que o dia passou logo e como a noite tinha servido pra desovar o mal que estava dentro, nada mais tentou sair de mim…

Também não comi nada mais do que uma maçã e um pedaço de pão com suco mix fruit…

Lá pelas 18h, pouco antes de sairmos do escritório, ouvimos um barulhão, e, espantados, fomos ate a porta da sala, quando da janela, visualizei a tempestade. Parecia coisa de cinema e fiquei pasma de espanto com aquela zoeira toda. Ainda levei segundos pra entender… Era de areia, ou poeira, porque Tete não é deserto, mas tem uma poeirada de se respeitar viu! Então não era bem uma tempestade, mas uma varredura que a antecedia… Um prenúcio!

E a ventania soprou poeira pra todo lado, de uma forma nunca vista por mim e pelos meus colegas, nunca mesmo. Desejei muito a máquina pra registrar esse momento, e como!

Demorou uns 15 ou 20 minutos e azucrinou a vida da turma que estava saindo para pegar o ônibus, o que incluía kárita e Fernanda, mas só soube hoje cedo, e as duas, coitadas, pararam e se viraram de costas, sem poder abrir os olhos no meio do poeirão, quando, um colega desconhecido, parou a caminhonete e gritou pra entrarem no carro… rsrsrs… sem saber quem oferecia a esmola, naquela altura só lhes restava confiar no santo! Foram levadas seguramente até o ponto do minibus e seguiram pra casa, mais pesadas, claro, por conta daquele poeirão todo, rsrsrs… e tiveram algum trabalho para se livrar do barro no banho, hehehe! Mas sobreviveram!!!

Já rimos um pouco hoje enquanto contavam o desespero que terminou bem! Eu não fui afetada mas me impressionei com o fato… Elas se sujaram um pouco é bem verdade, mas chegaram em casa bem mais cedo, afinal, passaram direto na fila da ponte e eu fiquei lá mais meia hora enquanto esperava abrir o nosso lado!

Isto é Tete!

This is África!

E assim passei a Segunda...

A segunda começou esquisita…

Muito trabalho por fazer, prazos pra cumprir e uma sensação estranha dentro de mim, de que alguma coisa não estava bem de novo…

Meu abdomen parecia aumentado e doía uma dor ôca, que eu não sabia explicar como era, só sabia que incomodava mais do que o normal…

Recorri aos elixires trazidos do Brasil, como a Dimeticona, santo remédio quando o assunto é problema no Brasil, tô pra crer, porque, sinceramente, as coisas daqui são auto-imunes, rsrsrs… Não há dimeticona que resolva!

Passei o dia assim, sem entender e mal comi… No hotel, jantei e fui para o quarto, e já no elevador senti que a coisa não iria acabar bem! E não acabou mesmo!

Chafurdei de novo na maré do desarranjo africano que honestamente não sei de onde vem nem como vai. Nem imagino mais o que fazer pra evitar, antes de pirar de vez a batatinha, porque, depois que você fica assim, fica olhando pra tudo e pra todo mundo pensando… Será que vai me fazer mal? Onde estará o vibrião do cólera? Será que é malária? Foi na água ou na comida? Hummmm… Desisto!

Vou de soro de novo, vivendo como rainha novamente e outra vez até quando a minha flora e donatella intestinais resolverem se adaptar à fauna africana que insiste em se hospedar no meu intestino!

Dia de cão!!!!!!!!!!!

E ainda não passou… Estou aqui escrevendo e ouvindo o rufar do abdómen que mais parece uma coleção de instrumentos de percussão juntos, desconectados, fazendo sons desconexos e desagradáveis…

Poupo-lhes! Poupo-me! Não vou mais dar atenção ao fato!

Aquela história de “amanhã, vai ser outro dia!” se aplica de novo ao dia de amanhã…

Tá virando "brincadeira"... Uma vez por semana dá "reverestrés", rs...

Hoje deu vontade demais de me teletransportar …

Almoço de domingo...

Depois dessa aventura toda no rio Zambeze, voltamos para o hotel e tomamos um belo banho pra nos livrarmos de todo aquele calor e cansaço.


Ôh coisa boa entrar naquele quarto geladinho depois de suar tanto e tomar tanto sol na moleira, rsrsrs…

Já era hora do almoço e hotel, que não bastava estar sem conexão com a internet, também não serviria almoço e jantar neste dia… O restaurante estaria em reformas!

Tínhamos que nos arrumar e na festa de sábado ficamos sabendo que o programa seria um almoço na casa da Valéria, que mora com mais pessoas num lodge – quartos individuais com cozinha coletiva. O lugar é simpático e tem até uma piscina que faz a alegria da galera… Nessa Tete tão quente o jeito que encontram é ficar que nem crocodilo, só com o nariz pra fora dágua, rsrss…

Confesso que desejava ficar, mas sentia que era preciso participar, aí, combinei comigo de ir, ficar um pouco e voltar pra descansar e fazer coisinhas de domigo, arrumar o quarto e as unhas, sem contar em algum trabalho pra adiantar para a semana que prometia ser punk!

Chegando lá todos os colegas já estava de sungas e biquínis tomando uma Laurentina, quente, pra não perder o costume, rsrsrs… também, descobri que não adianta ela vir gelada, o calor é tanto que ela esquenta após o primeiro gole!

Foi bom! Tinha churrasco de verdade, com carne importada de Maputo, trazida pela colega que estivera por lá nos dias anteriores – a preço de ouro, é verdade, mas muito boa!

Teve ainda, banana, arroz ao alho, feijão preto e quiabo com camarão, que não experimentei… Ando com o intestino fraco, preferi ficar no conhecido mesmo… Depois de almoçarmos rateamos as despesas e voltei logo para o hotel, tinha esperança de que a internet pudesse ter voltado! Arrebanhei iludidos como eu e voltamos. Para nossa decepção, no entanto, tudo estava como antes, sem conexão!

Fiquei de bobeira no quarto até 20h quando descemos para comer no Italiano, restaurante que abriu perto do hotel e tem uma pizza com massa tão, tão, tão fina e recheio tão tão tão pouquinho, que, em dias de fome, dá pra cada um comer uma (uma hora fotografo pra confirmarem!).

Daí, com emoções de sobra pra um único final de semana, voltamos pra casa e dormimos com gosto amargo na boca, afinal, os programas são legais, mas ficar um final de semana inteiro sem falar em casa dói o coração de qualquer brasileiro perdido nos confins da África! É dose!

O que nos consola é letra de música… “Amanhã, vai ser outro dia…”

Êh Saudade!
Que bate no meu coração...



Outra marca de cerveja, mas não gostei!
Sou mais a Laurentina mesmo, rs...
Dá pra ver que estou descongelando?
O calor estava de desanimar...

Lúcia, eu e Nelma, uma Moçambicana que trabalha no Hotel

Esq para dir - Oséias, Luis, Sandro e Lobinho

Geladeira!

Fernanda, Kárita e Josi numa dieta brava!

Fábio de brincadeira com o Ninja Manuel Pedro

Sandra na cozinha coletiva do lodge...


A gazela! Até aqui tem cruzeirense... aff!

Fotos do passeio Zambeze...


Essa menina ajudava a mãe na Machamba (Roça)
Essa turma pescava, lavava roupas e tomava banho no rio...
Gostei desta árvore mergulhada e da montanha fazendo fundo...
Estas árvores e o reflexo no espelho dágua do rio...
Hora do banho...

Pesca, banho, panelas e roupas...
Tudo junto e misturado num belo domingo de sol...
A mãe e a menina de novo, machambando...
O lixo é fundo ou figura?

Noutro canto tudo outra vez, afinal, domingo é dia de banho! rs...
E olha quem apareceu quase no final da festa com a maior cara de "não é comigo"!
Eu hein!? Tô indo embora!