domingo, 11 de abril de 2010

07 de Abril em Tete...

Então, gente...

Chegamos na segunda, como disse, já no batente...
Na terça fizemos treinamento e na quarta foi feriado. Dia da Mulher Moçambicana - A cidade fica em povorosa. Eu, ainda sob efeito do fuso confuso de 5 horas a mais e muito cansada da viagem, das emoções anteriores e morrendo de saudade de casa, quis ficar morgando no quarto até mais tarde, até porque, sair do quarto significa entrar no calor de Tete e eu, sinceramente, não estava muito afeita a este prazer naquele dia.

Dormi um pouco mais, tomei meu café e voltei pro quarto, arrumei coisas, mudei de quarto por causa da geladeira...recomecei a arrumação toda de novo e lá pelas 15h decidi sair da toca e tentar comer alguma coisa na padaria, já que eu não tinha almoçado ...

Quando parei na porta do hotel, uma surpresa... Barulhos de motores, parecia som de monomotor e uma multidão na rua, diante das calçadas... Quando saí, via alguns colegas que me contaram a novidade... Estava tendo corrida de "motas", motocicletas 50cc ... interessante e inusitado! Contaram-me que houvera um treino antes, espécie de aquecimento, corriam sem capacetes, pode? rs...

Durante a competição, aí já acompanhei de perto, digo, da porta do hotel, porque perto mesmo estavam os milhares de cidadãos daqui, vibrando e gritando a cada volta em que apontava o competidor (será que posso dizer assim?rs... até hoje não consegui ninguém pra me explicar do que se tratava, se competição ou exibição, nem se valia alguma coisa ou quanto, nem como terminava, se tinha regras...) de capacete vermelho. Parecia gol do Galo toda vez que ele apontava, tinham que ver, as pessoas vibravam feito fanáticos. Ao mesmo tempo, enquanto as motos subiam a rua ao lado do hotel para contornar o quarteirão, todos transitavam livremente pelas ruas, "pista", como se nada tivesse acontecendo... Corriam, passavam a poucos metros das possantes cinquentinha adaptadas (pq só fica motor e esqueleto, tiram tudo... imagino que para ficar mais leve, ou já caiu mesmo, não sei, rs...). O certo é que é um verdadeiro evento, tá?Só vendo!

Fiquei um tempão filmando, porque sentia que não demorava alguém cair na curva fechada ao lado do hotel e salpicar gente pra cima, porque ficam todos amontoados em cima dos corredores, verão nas fotos...
Quando me cansei e os braços já doíam, desliguei a câmera e falei com um colega do lado - Não caem, já são muito acostumados a isto, só pode! E ele... - Olha! Olha! Olha! Tibufffffffff... Caiu, o número 25 estampado nas costas, gente pingando pra todo lado e a moto acertando a multidão, srrsrsr... Cômico!

Quando ia perguntar se alguém havia se machucado lá ia o número 25, ralado, imagino, mas foi de novo, com classe de vencedor, rsrsrs... E o povo, devem acreditar que se afastaram, né? Pois é... Com certeza NÃO! Cada vez mais "dentro" da corrida, permaneceram efusivos... Uma festa!

E depois desse mais um ou dois se empetecaram chão a fora, com uma naturalidade incrível e se levantavam e começavam de novo...olhavam pra trás em busca de alguma coisa... paravam e ouviam algum recado... por mais de hora... Era hilário ... E o povo, mal vibrava com o capacete vermelho, já corriam para a rua do lado afim de gritá-lo de novo, tinham que ver que diferente e ao mesmo tempo interessante, parecia o Senna ali, correndo de cinquentinha, despertando tanta admiração e torcida!

Eis que eu já estava me cansando e pensando em sair do calor, voltar para o quarto e vejo dois homens atravessarem a rua, um com algo que me pareceu um chicote, dando no outro... A multidão tomou partido sei lá de quem e avançou nos dois tampando a rua, pista... E fiquei preocupada, afinal, ao longe já se ouvia o barulho da cinquentinha aproximando-se... E veio, e veio, e veio, e.... Deixaram um micro espaço para a motoca passar, porque a briga, naquele momento era muito importante, rsrsrs...

Não sei no que deu, porque, assustadoramente, do jeito que começou terminou e não se fala mais nisso! Também não se vê polícia, eles se resolvem sozinhos mesmo...

E uma seguida de outras as motas continuavam a desfilar ou concorrer, sei lá... até que uma acabava o combustível e parava (chegamos até a pensar numa hora que o final fosse quando ficasse a última, mas não confirmamos a hipótese, porque, o final, deu-se muito derrepente, quando a multidão subiu a rua correndo em disparada, numa hora qualquer, e, simplesmente tudo acabou...) ... Até isso, algumas paravam por defeito, outras por combustível, enfim, ficou um ovacionado pelo povo e a festa estava rolando solta...

Envio em seguida algumas fotos, e, vejam vocês mesmos... Depois, vou tentar editar os vídeos e postar algum!

Beijos,

Voltou depois pra falar do meu primeiro final de semana em Tete, com comemoração de aniversário no Mario´s e fim de noite no Desportivo... Jesus!

Saudade gigante!!!!!!!
AMO VOCÊS!


Foi minha visão ao sair do Hotel






Ele brincava alheio ao movimento, na porta do Hotel...
Atravessando, ôps!
Melhorando a aerodinâmica...
Um olho na "mota", outro na câmera!
Cabeça com cabeça!
Isso mexe com a cabeça...
Ooooooi...
Lá vão, com seus pesos nas cabeças...
Êpa! Esse aí resolveu virar e voltar na contra-mão...
Havia algo engraçado lá em cima, não sei dizer o que era...
Enquanto isso, aqui embaixo... ôhhhh...caiu!
Isto é África!
Beijos e abraços,
Anna

Algumas fotos da trajetória que começou oficialmente em 03 de Abril...

Antes de partir em Confins...


Mãe e Ju, ao fundo o avião da conexão

As minhas malas no calor do aeroporto de Maputo, depois de terem sido vistoriadas na Alfândega

A cerveja Africana... Achei bacana a propaganda...



Hotel Afrin - Maputo
Shopping ao lado do Hotel - muito diferente dos nossos...
Ainda confusa com o fuso... e morrendo de saudade...
Tete já não está mais tão verde e os rios começam a baixar o nível das águas...
Sol rachando mamonas ... 45ºC
Põe-se num belo espetáculo...
E a meninada se diverte posando para as fotos...
Olha o peladinho, que fofo!
Não dá pra ler esse olhar...
Mas dá pra reconhecer a alegria...
Já na fila da ponte, locais a rigor...
E o pôr do sol no Zambeze que dispensa comentários...

Em seguida postarei sobre o dia da Mulher Moçambicana, a tempo...

Beijos e abraços,
SAUDADE!

Daí para cá em palavras...

Oi pessoal, cheguei!


Desculpem o atraso em atualizar o blog, mas, vocês não imaginam o quanto os dias têm sido corridos e cheios de novidades, nem sempre tão boas…

Saí do Brasil no Sábado, 03 de Abril, debaixo de chuva e lágrimas… Meio atônita ainda, sem entender direito o que estava por vir, por mais que soubesse de tudo com antecedência. Na hora agá a coisa toma a forma da verdade e o mundo meio que decide pousar nas suas costas, de carona… Complicado!

Choveu muito naquele sábado e Guarulhos era uma água só, o que fez a decolagem ser uma dispensável emoção a mais no vôo de vinda…

Depois da permissão pra decolar o piloto emitiu um aviso para os comissários e nós não entendemos bem o que ele havia dito, só vimos que todos os comissários e aeromoças começaram, em rápido, bom e apavorado inglês “keep your seat belts” “keep your seat belts” “keep your seat belts” “keep your seat belts”, cada hora dois ou três gritavam juntos, muito alto e apavorados… No começo pensei que fosse uma forma animada de nos chamar a atenção para o uso do cinto, mas em um minuto de gritaria incessante, a mensagem mudou para “desatem os cintos e permaneçam sentados”, mais mil vezes… e sem entender nada, com as mãos no cinto, ouvimos um brasileiro gritar – Gente, soltem o cinto e fiquem sentados, tem alguma pane na aeronave! Ah, pra quê!!! Rs… Uma turma de aborrecentes que estava no vôo se levantou tentando correr, meia dúzia gritaram e o resto do mundo, incluindo eu, ficaram passados, atônitos, sem entender de que morreria.

Passados alguns minutos, que não sei mais se foram minutos ou segundos, mas pareceu uma eternidade, o capitão anunciou que tudo não havia passado de um (primitivo) mal entendido – Segundo a sua mensagem, cuidadosamente traduzida pelo nosso colega ao lado, e depois por nós compreendida, dado o enorme número de vezes que se repetia, e após mais ou menos uma hora, traduzida para o Portugês por um comissário que insistia em nos acalmar, dava conta de que, a aeronave, muito grande, possuía luzes auxiliares e câmera de filmagem a fim de auxiliar seu inspecionamento, essas luzes, de cor laranja, refletiram-se no espelho dágua formado na pista pela chuva, entretanto, ao acionar as turbinas, seu movimento formou sprays de água, que, refletidos na luz laranja deram a impressão de que havia fogo nas turbinas… Pensa bem! Precisava ter alarmado todo mundo antes de conferir o troço? Daí pra frente, foi só emoção! Todo mundo na maior adrenalina, no maior estresse e a cada segundo um novo pedido de desculpas e a tentativa de convencer a todos de que a aeronave podia voar sem cair ou se derreter em chamas, porque aquele banzé todo não passava de despreparo da amadorismo daquela equipe, e da torre, né? Aff….

Voei meio tensa, com um estrangeiro ao meu lado que não falava português e também não entendia o inglês da cabine, comia uma comida diferente da nossa, provavelmente vegetariana, e dava um sonoro arroto, seguido de batidinhas na barriga depois de cada refeição! Êh lasqueira!!! Assim é o mundo e sua diversidade…

Chegamos em Johannesburgo e uma fila imensa nos esperava na alfândega, com alguma delegação asiática sei lá do quê querendo furar a fila… Conseguiram! Quando finalmente conseguimos passar j+a estava quase na hora do chekin, deu tempo apenas de comprar uma camisa oficial do Brasil por 46 dólares, bem mais barato que aí na nossa própria casa, que sai em torno de USD 100, 105. Que bom que não tive coragem de comprar no Brasil, rs…

Bom, embarcamos de novo e seguimos para Maputo, onde chegamos já na hora do almoço daqui, e na hora do melhor sono daí… Ficamos muito cansados, é uma viagem longa e Maputo é ultra quente… Passamos na imigração, carimbamos passaportes, pegamos a bagagem, que, graças a Deus chegou bem!!! Daí o guardinha quis abrir minha mala, ai que saco! Estava tão embaladinha com filme protetor, mas, vamos lá, abri pra ele as duas que pediu, viu roupas e livros, perguntou-me em seguida: Estás a ir pra onde minha senhora? Eu respondi: Para Tete, amanhã cedo, a trabalho. E ele… Fica até quando? Eu, lembrando do visto… 90 dias! Ele, Estás a dar aulas em Tete, com tantos livros? Rsrrsrsrs…. (Eu ri) Disse, não! Não darei aulas, senhor! Mais duas ou três palavras sobre a empresa em que trabalho, desejo de muitos Moçambicanos, um aviso dele sobre o calor que faz em Tete e fui liberada, finalmente.

Fomos então para o Hotel e tomamos um banho, almoçamos e fomos ao shopping ao lado, num supermercado onde compramos alguns biscoitos e queijos para trazermos – porém, como já não tínhamos mais muito espaço nas malas, burramente, ignoramos as normas de aviação sobre peso de bagagem e socamos tudo nas malas… No dia seguinte, às 4 da matina fomos de novo pro aeroporto e embalamos as pesadas malas com filmes, pagamos em Meticais e fomos para o Chekin, … pra quê!

Quanta chateação e incoerência… Do Brasil pra qualquer lugar do mundo podemos levar 2 malas com até 32kg cada, entretanto, de Maputo para Tete só aceitam 1 mala de no máximo 30kg … Só pra entenderem bem, com os queijos e biscoitos, mais o remanejamento pra liberação da mala de mão, minhas malas passaram a pesar 31 e 42kg – resultado! Me ferrei, em bom portugês de Portugal.

Além de ter que pagarmos o excesso, precisaríamos remanejar novamente porque as malas não poderiam exceder 30kg… Meu Deus! Tudo o que eu queria era voltar… «Pratrás mesmo« Sem me preocupar com a língua ou com a gramática, mas voltar para o meu País…

Até que uma boa alma, colega de trabalho acionou um empregado que veio ao aeroporto e conversou no guichê, propondo que o peso destinado a demais passageiros, sem malas, pudesse ser utilizado por nós para evitar o pagamento de 100MT por kg, cerca de R$8,00 – É que na segunda feira a empresa tem cerca de 35 assentos reservados para empregados em trânsito de Maputo a Tete, com isso, muitos levam consigo apenas bagagem de mão. Com isso, remanejamos apenas o peso em excesso nas malas e passamos pra sacolas, eu, os livros, que tive vontade de enfogueirar…

Honestamente, cansada e tensa, preocupada, cheia de fantasmas e ainda gastando energias com peso de bagagem…

Mais duas horas e enfim, Tete!

Chegamos no dia da visita do presidente, quase juntos com ele… Fomos direto ao projeto e começou a maratona de assina documento, preenche formulário … e mais um, e outro e mais outro…. Nossa! Com o detalhe que estávamos num calor de rachar e sem energia… Êh, maravilha!

O dia foi longo… Suficiente para o cansaço bater forte, mas, mesmo assim, burocracias e formalidades todas a parte, só fomos liberados por volta das 20h, quando definimos o hotel e nos instalamos – já pelas 20:30.

Chego no meu quarto, com os queijos já em ponto de misto quente e pimba! Onde está o frigobar?

Não há neste quarto senhora!

Ai Deus! Pesei que as muitas surpresas já tinham acabado … Precisei usar meia dúzia dos melhores argumentos com a colega na recepção pra garantir uma troca de quartos na quaaaaarta feira!

Graças a Deus que a minha colega de suplício tinha um quarto com frigobar e abrigou meus queijitos, que, pasmem, não estragaram, rsrsrs… Ah, mesmo que tivessem meio passados não teria problema, aqui, dá pra levar, isso é artigo de luxo!

Dormi mal e chorei minha casa, meus pais, meus queridos amigos, Bel…

No dia seguinte, atordoada com tudo e com o fuso, fui novamente para o projeto, num ônibus perfumadíiiiissimo, do mais genuíno africano cheiro que não preciso explicar… E tudo tinha cara de primeira vez, parecia inclusive que na minha cara estava estampado – acabei de chegar e estou morta de casaço…

Passamos o dia em treinamento e a noite retornamos, pegamos a ponte fechada e só chegamos 20:30 no hotel … Fiquei até tarde falando em casa e adormeci porque não aguentava mais ficar….

O dia seguinte era feriado, dia da mulher Moçambicana, dia de festas na cidade e dia de eu, enfim, passar para um quarto com geladeira, porque, a hipótese de levarem uma pro meu quarto foi descartada, vai entender!?

Em seguida conto os detalhes do dia da Mulher Moçambicana!

Ah, antes de finalizar este post, conto que ganhei uma rosa e uma linda capulana no projeto, como todas as mulheres também, como forma de comemoração.

Obrigada a todos que pediram por notícias e que mandaram recados! Obrigada pelas orações e pelo carinho, MUITO IMPORTANTES, sobretudo nestes primeiros dias e momentos!!!

Amo vocês!

Boas energias!!!!

Já já posto fotos e notícias da corrida maluca do dia da Mulher Moçambicana!

Beijos!

Anna