domingo, 11 de abril de 2010

Daí para cá em palavras...

Oi pessoal, cheguei!


Desculpem o atraso em atualizar o blog, mas, vocês não imaginam o quanto os dias têm sido corridos e cheios de novidades, nem sempre tão boas…

Saí do Brasil no Sábado, 03 de Abril, debaixo de chuva e lágrimas… Meio atônita ainda, sem entender direito o que estava por vir, por mais que soubesse de tudo com antecedência. Na hora agá a coisa toma a forma da verdade e o mundo meio que decide pousar nas suas costas, de carona… Complicado!

Choveu muito naquele sábado e Guarulhos era uma água só, o que fez a decolagem ser uma dispensável emoção a mais no vôo de vinda…

Depois da permissão pra decolar o piloto emitiu um aviso para os comissários e nós não entendemos bem o que ele havia dito, só vimos que todos os comissários e aeromoças começaram, em rápido, bom e apavorado inglês “keep your seat belts” “keep your seat belts” “keep your seat belts” “keep your seat belts”, cada hora dois ou três gritavam juntos, muito alto e apavorados… No começo pensei que fosse uma forma animada de nos chamar a atenção para o uso do cinto, mas em um minuto de gritaria incessante, a mensagem mudou para “desatem os cintos e permaneçam sentados”, mais mil vezes… e sem entender nada, com as mãos no cinto, ouvimos um brasileiro gritar – Gente, soltem o cinto e fiquem sentados, tem alguma pane na aeronave! Ah, pra quê!!! Rs… Uma turma de aborrecentes que estava no vôo se levantou tentando correr, meia dúzia gritaram e o resto do mundo, incluindo eu, ficaram passados, atônitos, sem entender de que morreria.

Passados alguns minutos, que não sei mais se foram minutos ou segundos, mas pareceu uma eternidade, o capitão anunciou que tudo não havia passado de um (primitivo) mal entendido – Segundo a sua mensagem, cuidadosamente traduzida pelo nosso colega ao lado, e depois por nós compreendida, dado o enorme número de vezes que se repetia, e após mais ou menos uma hora, traduzida para o Portugês por um comissário que insistia em nos acalmar, dava conta de que, a aeronave, muito grande, possuía luzes auxiliares e câmera de filmagem a fim de auxiliar seu inspecionamento, essas luzes, de cor laranja, refletiram-se no espelho dágua formado na pista pela chuva, entretanto, ao acionar as turbinas, seu movimento formou sprays de água, que, refletidos na luz laranja deram a impressão de que havia fogo nas turbinas… Pensa bem! Precisava ter alarmado todo mundo antes de conferir o troço? Daí pra frente, foi só emoção! Todo mundo na maior adrenalina, no maior estresse e a cada segundo um novo pedido de desculpas e a tentativa de convencer a todos de que a aeronave podia voar sem cair ou se derreter em chamas, porque aquele banzé todo não passava de despreparo da amadorismo daquela equipe, e da torre, né? Aff….

Voei meio tensa, com um estrangeiro ao meu lado que não falava português e também não entendia o inglês da cabine, comia uma comida diferente da nossa, provavelmente vegetariana, e dava um sonoro arroto, seguido de batidinhas na barriga depois de cada refeição! Êh lasqueira!!! Assim é o mundo e sua diversidade…

Chegamos em Johannesburgo e uma fila imensa nos esperava na alfândega, com alguma delegação asiática sei lá do quê querendo furar a fila… Conseguiram! Quando finalmente conseguimos passar j+a estava quase na hora do chekin, deu tempo apenas de comprar uma camisa oficial do Brasil por 46 dólares, bem mais barato que aí na nossa própria casa, que sai em torno de USD 100, 105. Que bom que não tive coragem de comprar no Brasil, rs…

Bom, embarcamos de novo e seguimos para Maputo, onde chegamos já na hora do almoço daqui, e na hora do melhor sono daí… Ficamos muito cansados, é uma viagem longa e Maputo é ultra quente… Passamos na imigração, carimbamos passaportes, pegamos a bagagem, que, graças a Deus chegou bem!!! Daí o guardinha quis abrir minha mala, ai que saco! Estava tão embaladinha com filme protetor, mas, vamos lá, abri pra ele as duas que pediu, viu roupas e livros, perguntou-me em seguida: Estás a ir pra onde minha senhora? Eu respondi: Para Tete, amanhã cedo, a trabalho. E ele… Fica até quando? Eu, lembrando do visto… 90 dias! Ele, Estás a dar aulas em Tete, com tantos livros? Rsrrsrsrs…. (Eu ri) Disse, não! Não darei aulas, senhor! Mais duas ou três palavras sobre a empresa em que trabalho, desejo de muitos Moçambicanos, um aviso dele sobre o calor que faz em Tete e fui liberada, finalmente.

Fomos então para o Hotel e tomamos um banho, almoçamos e fomos ao shopping ao lado, num supermercado onde compramos alguns biscoitos e queijos para trazermos – porém, como já não tínhamos mais muito espaço nas malas, burramente, ignoramos as normas de aviação sobre peso de bagagem e socamos tudo nas malas… No dia seguinte, às 4 da matina fomos de novo pro aeroporto e embalamos as pesadas malas com filmes, pagamos em Meticais e fomos para o Chekin, … pra quê!

Quanta chateação e incoerência… Do Brasil pra qualquer lugar do mundo podemos levar 2 malas com até 32kg cada, entretanto, de Maputo para Tete só aceitam 1 mala de no máximo 30kg … Só pra entenderem bem, com os queijos e biscoitos, mais o remanejamento pra liberação da mala de mão, minhas malas passaram a pesar 31 e 42kg – resultado! Me ferrei, em bom portugês de Portugal.

Além de ter que pagarmos o excesso, precisaríamos remanejar novamente porque as malas não poderiam exceder 30kg… Meu Deus! Tudo o que eu queria era voltar… «Pratrás mesmo« Sem me preocupar com a língua ou com a gramática, mas voltar para o meu País…

Até que uma boa alma, colega de trabalho acionou um empregado que veio ao aeroporto e conversou no guichê, propondo que o peso destinado a demais passageiros, sem malas, pudesse ser utilizado por nós para evitar o pagamento de 100MT por kg, cerca de R$8,00 – É que na segunda feira a empresa tem cerca de 35 assentos reservados para empregados em trânsito de Maputo a Tete, com isso, muitos levam consigo apenas bagagem de mão. Com isso, remanejamos apenas o peso em excesso nas malas e passamos pra sacolas, eu, os livros, que tive vontade de enfogueirar…

Honestamente, cansada e tensa, preocupada, cheia de fantasmas e ainda gastando energias com peso de bagagem…

Mais duas horas e enfim, Tete!

Chegamos no dia da visita do presidente, quase juntos com ele… Fomos direto ao projeto e começou a maratona de assina documento, preenche formulário … e mais um, e outro e mais outro…. Nossa! Com o detalhe que estávamos num calor de rachar e sem energia… Êh, maravilha!

O dia foi longo… Suficiente para o cansaço bater forte, mas, mesmo assim, burocracias e formalidades todas a parte, só fomos liberados por volta das 20h, quando definimos o hotel e nos instalamos – já pelas 20:30.

Chego no meu quarto, com os queijos já em ponto de misto quente e pimba! Onde está o frigobar?

Não há neste quarto senhora!

Ai Deus! Pesei que as muitas surpresas já tinham acabado … Precisei usar meia dúzia dos melhores argumentos com a colega na recepção pra garantir uma troca de quartos na quaaaaarta feira!

Graças a Deus que a minha colega de suplício tinha um quarto com frigobar e abrigou meus queijitos, que, pasmem, não estragaram, rsrsrs… Ah, mesmo que tivessem meio passados não teria problema, aqui, dá pra levar, isso é artigo de luxo!

Dormi mal e chorei minha casa, meus pais, meus queridos amigos, Bel…

No dia seguinte, atordoada com tudo e com o fuso, fui novamente para o projeto, num ônibus perfumadíiiiissimo, do mais genuíno africano cheiro que não preciso explicar… E tudo tinha cara de primeira vez, parecia inclusive que na minha cara estava estampado – acabei de chegar e estou morta de casaço…

Passamos o dia em treinamento e a noite retornamos, pegamos a ponte fechada e só chegamos 20:30 no hotel … Fiquei até tarde falando em casa e adormeci porque não aguentava mais ficar….

O dia seguinte era feriado, dia da mulher Moçambicana, dia de festas na cidade e dia de eu, enfim, passar para um quarto com geladeira, porque, a hipótese de levarem uma pro meu quarto foi descartada, vai entender!?

Em seguida conto os detalhes do dia da Mulher Moçambicana!

Ah, antes de finalizar este post, conto que ganhei uma rosa e uma linda capulana no projeto, como todas as mulheres também, como forma de comemoração.

Obrigada a todos que pediram por notícias e que mandaram recados! Obrigada pelas orações e pelo carinho, MUITO IMPORTANTES, sobretudo nestes primeiros dias e momentos!!!

Amo vocês!

Boas energias!!!!

Já já posto fotos e notícias da corrida maluca do dia da Mulher Moçambicana!

Beijos!

Anna

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