quarta-feira, 9 de junho de 2010

Falta de água no meu quarto.

Eu que atravessei o Atlântico para aprender que paciência a gente exercita, dia após dia, tenho tentado aprender de verdade essa virtude que já considero uma arte.

Tudo aqui testa os nervos da gente, ainda mais levando em conta todos os outros sentimentos e situações que precisamos administrar, cada dia é uma escalada.

O Hotel é sem dúvida o melhor da cidade, mas isso não faz dele uma Brastemp, pra falar a verdade bem menos. E viver no Hotel é uma das lições desse aprendizado. Cada dia é uma nova emoção.

Quando chegamos, ansiávamos pelo dia em que trocariam as roupas de cama, daí, quando trocaram, melhor que tivéssemos ficado com as anteriores - pelo menos tinham o nosso cheiro, rs... Os lençóis amarelados deixavam bem "claro" que a coisa não cheirava a casa da gente.

E assim levamos, cada dia uma surpresinha - Ora esquecem de colocar o papelo higiênico, ora somem com o copo, ora o travesseiro aparece sem fronha, ora falta toalha, quase toda hora a internet não funciona e agora deu para faltar água.

Ah, não! Sem água não!

Sexta passada esperei por quase uma hora a pirraça da água com a torneira até que consegui um banho modesto, longe, muuuuito longe de um desses deliciosos banhos que tomamos no Brasil. A água aqui é muito diferente, estranha, meio impura, deixa a pele super ressecada e o cabelo então, que beleza!

Sei que a briga da água com a torneira foi me irritando e irritando, até que na segunda a noite cheguei cansada, doida por um banho digno de alguém que ralou o dia todo e nada além de um caldo grosso e laranja me saudou na boca da torneira escorrendo pela capa branca da banheira.

Esqueci todas as lições anteriores e zarpei feito flecha até a recepção, onde, apáticos, conversavam três recepcionistas.

Senhores, boa noite!
Estou sem uma gora de água em meu quarto, podem me ajudar?

Entreolharam-se de um jeito que merecia uma filmagem - Eu queria ser um dos neurônios deles para contar exatamente para vocês o que pensaram, mas o rosto deixava parecer algo do tipo - Ih! Fudeu!

Segundos se passaram e aquele olhar congelado explodiu na reação de um deles, que me pareceu ser o gerente daquela reunião de mesma patente. Fulano, vá procurar o Cicrano! Ele ainda está aí. E o fulano, com olhar esbugalhado levou ainda uns 10 segundos e precisou de um zangado . vá, fulano! para aí sim sair da posição de "estátua" e sair pelo corredor. Eu, que pouco adiantaria ficar marcando cerrado naquele momento, falei mais meia dúzia de palavras tentando expressar que aquilo não podia condizer com um bom serviço e avisei que estaria no quarto esperando pela solução.

Quase 20 minutos depois me apareceu um rapaz de uniforme azul escuro e nome tão complicado que não fixei, com uma chave de boca na mão daquelas de desenroscar peças do gerador, meu vizinho. Bom, a mim pouca diferença fazia que ele deixasse sobrar peças, queria água para banho!

Deu duas desenroscadas no bocal da torneira que libera água para a banheira e chuveiro e ploft... Toda a água do mundo represada aos poucos, desde sexta-feira, saiu como cachoeira banheira abaixo, não sem antes liberar o que a impedia, quilos de areia. Areia mesmo, meio calhau, parecendo brocal, daqueles que usamos no carnaval - ou usávamos quando eu era criança, rs,... ontem mesmo!

Gente! Imagina a minha cara, pensando quanta areia já recebi no corpo e cabelos nos últimos sessenta e poucos dias?

Perguntei passada o que era o problema,  areia?
Chupando o bocal como a um chup chup e cuspindo para o ar o que sobrava daquela porcaria toda - imaginem minha cara de satisfação - o mecânico especializado em libertar a areia do encanamento, respondeu sorrindo sem muita graça. Aham...

Agradeci e ri sozinha...

Fazer o quê, vou matar?
Tem que inducar!!!!

A água do chuveiro estava tão afoita por aquela liberdade toda no cano que chega a machucar quando bate no corpo, rs... Da próxima vez vou pedir ao "Gajo" pra tirar só a metade, hehehe!!!

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